28 de abril de 2012
Das 10h às 13h
Concentração a partir de 9h30 no Parque Ambiental
(toldo ao lado do Parque dos Mamonas)
Ponta Grossa - PR
Manifesto
Vivissecção é a prática cruenta de utilização
de animais vivos com propósitos experimentais. Animais como camundongos, ratos,
porquinhos-da-índia, hamsters, coelhos, sapos, aves, cães, gatos, macacos e
animais de fazenda são submetidos a diferentes procedimentos destrutivos, tanto
fisicamente quando psicologicamente. São exemplos destes procedimentos:
realização de cortes e amputações, muitas vezes sem anestesia; ingestão,
inalação ou injeção forçada de substâncias tóxicas; privação de água e alimentos
ou de convívio social; condicionamento a determinadas reações mediante
eletrochoques ou queimaduras; extração de materiais biológicos, etc.
A alegação mais comum para defender estas
práticas é a de que seres humanos e animais domésticos são diretamente
beneficiados por tais ações. Defende-se que, sem as pesquisas em animais, na
atualidade o ser humano não disporia de vacinas, técnicas de transplantes,
anestesias, nem das drogas que pretensamente tratam as diferentes doenças. As
conseqüências disto seriam um declínio em nossa qualidade de vida, além de
diminuição em nossa longevidade. Estas alegações são, no entanto, enganosas.
Ocorre que, embora exaustivamente testados e aprovados em animais, todos os
tratamentos acima enumerados se mostraram falhos, em sua fase de testes, em
produzir efeitos promissores em seres humanos. Muitos deles, apesar da segurança
comprovada em animais, produziram efeitos colaterais, e muitas vezes morte, em
seres humanos.
Os experimentos prévios, realizados em
animais, teriam a pretensa função de impedir que os primeiros seres humanos
submetidos a determinado tratamento se tornassem “cobaias” da ciência. O que de
fato ocorre, no entanto, é que experimentos em animais simplesmente são
conduzidos para amenizar as responsabilidades de laboratórios que lançam no
mercado drogas que mais tarde poderão vir a prejudicar seres humanos. É grande o
número de drogas aprovadas pela FDA (o órgão responsável por permitir a
comercialização de drogas e alimentos nos EUA) que são recolhidas das
prateleiras no prazo de um ano após sua colocação no mercado. O motivo deste
recolhimento é a detecção de efeitos colaterais na população humana, efeitos
estes que não haviam sido detectados em testes em animais. Da mesma forma,
embora a tecnologia de transplantes tenha sido toda desenvolvida com base na
experimentação animal, os primeiros seres humanos submetidos a estas técnicas
padeceram. Foi com base nessas experiências de transplante em seres humanos que
deram errado, e não os estudos em animais, que se desenvolveram as técnicas de
transplante de que dispomos hoje. Pode-se, então, deduzir que “cobaias”
verdadeiras são seres humanos, sendo os animais meros adjuvantes de nossa
crueldade.
Com efeito, parece curioso que poucas
pessoas se questionem se realmente somos assim tão “dependentes” de todos estes
tratamentos e supostos benefícios oferecidos pela medicina moderna. A indústria
farmacêutica obtém seus lucros da venda de remédios, e por isso necessita
convencer o cliente de que seus produtos são vitais para sua qualidade de vida.
Trata-se de um negócio dos mais lucrativos, e como todo bom negócio, esta
indústria se organiza em lobbies. Estes lobbies não limitam sua atuação apenas
aos consultórios médicos, eles influenciam as políticas de virtualmente todos os
governos, a educação formal e, por conseguinte, a forma como a população vê seus
produtos.
Esforços são continuamente feitos para
convencer a população de que o aumento em nossa expectativa de vida tem relação
direta com a enorme disponibilidade de drogas e tratamentos de que dispomos
atualmente. Curioso que fatores tais como melhores condições de moradia, de
higiene, abastecimento de água limpa, saneamento, segurança alimentar, etc,
fatores estes que também passaram a preponderar nas últimas décadas, são
frequentemente negligenciados nesses informes em relação à nossa melhor
qualidade e maior expectativa de vida.
Por outro lado, a compreensão de que dados
obtidos experimentalmente de animais não podem ser extrapolados para seres
humanos é simples: Ainda que partilhemos muitas características fisiológicas e
metabólicas com os demais animais, é através das diferenças que as
individualidades se manifestam. Desta forma, o organismo do ser humano não pode
ser visualizado como o organismo do rato 200 vezes mais pesado; a dose letal de
uma determinada substância para o rato não poderia ser determinada para o ser
humano simplesmente multiplicando seu valor por duzentos. Ratos podem ser imunes
a grandes quantidades de determinadas substâncias as quais com poucas gramas
poderia se levar um ser humano saudável ao óbito. Drogas que produzem
determinados efeitos em determinados animais podem produzir efeitos
completamente diferentes em animais de outras espécies. Nem mesmo animais cujo
metabolismo aparentemente se assemelha mais ao de seres humanos, como macacos e
porcos, são bons modelos de experimentação, porque no que se refere a este
assunto, não existe qualquer linearidade que confira cientificidade à
extrapolação.
Mesmo entre seres humanos a extrapolação e
generalização de dados mostra-se uma atividade perigosa, devido às variações
genéticas que ocorrem dentro das próprias populações humanas. Drogas que se
mostram efetivas para uma determinada parcela da população podem não ter
qualquer efeito, ou no pior dos casos pode significar efeitos adversos, em outra
parcela da população. Com efeito, admite-se que as drogas presentes no mercado
são efetivas apenas para 30-50% da população. Daí concluir-se que mesmo o ser
humano não representa modelo adequado para a pesquisa de medicamentos para a
espécie humana. Outrossim, há que se criar drogas específicas com base na
ciência genômica.
Por este motivo afirmamos a completa
inutilidade científica da experimentação animal, como também nos preocupa que
esta seja a base na qual apoiamos nossa ciência. Esta metodologia conduz ao
erro, ao atraso, a dados errôneos, á má-interpretação, à incoerência, ao
desperdício de vidas, humanas e animais. Desta forma, propomos a abolição da
vivissecção em todos os seus níveis, bem como sua substituição por uma ciência
mais humanitária e que se baseie em métodos que não utilizem animais,
denominados métodos substitutivos.
Sergio Greif
17 de fevereiro de
2012
Fonte:
contatoanimal.blogspot.com.br/2012/02/manifesto-da-ii-manifestacao-nacional.html